Este é um artigo de Freedom Cole sobre os orixás e os planetas, traduzido com sua permissão. O original pode ser lido aqui.
Os arquétipos dos planetas
manifestam-se em todas as culturas e religiões... É isso que mostra sua
realidade. A religião Ioruba por vezes assusta indivíduos que estão acostumados
a uma religião que é um serviço entediante na igreja aos domingos. As deidades
e as maneiras com que os praticantes interagem com elas podem parecer
estrangeiras e não são fáceis de entender, mas elas possuem muitas
similaridades com o Hindu/Tântrico e deidades planetárias (particularmente como
são adoradas nas áreas mais tradicionais e tribais da Índia e Nepal). As
deidades africanas são conhecidas como Orixás (Òrìṣà).
A religião Ioruba da África
Ocidental se espalhou ao redor do mundo ganhando sabores próprios de acordo com
a cultura local. Ela chama-se Santeria em Cuba, Porto Rico e República
Dominicana, e Candomblé, Umbanda e Batuque no Brasil. Todas essas várias formas
da religião advinda da África Ocidental possuem suas próprias variações
específicas, mas utilizam um panteão similar que correlaciono aqui para a
utilização do astrólogo. Não tenho a intenção de ensinar nenhuma dessas formas
de religião africana, mas um astrólogo pode ser mais efetivo quando utilizando
o panteão do cliente. Essas correlações possibilitam que um indivíduo seguindo
uma espiritualidade de origem africana possa contatar o sacerdote apropriado em
seu próprio caminho.
Um Deus
Na astrologia indiana, a singularidade divina da
Suprema Personalidade de Deus individualizou-se e manifestou-se como os
planetas para proteger o dharma; eles
são avatares de uma Singularidade
Unificadora. Na astrologia judaico-cristã, os planetas eram considerados anjos,
mensageiros da vontade de Deus. Os planetas não são considerados “deuses” na
acepção da palavra inglesa cristianizada. Da mesma maneira, as religiões
advindas da África Ocidental possuem um Ser Supremo e os vários Òrìṣà (devatās) são os veículos para a manifestação das
energias que o astrólogo percebe nos planetas.
Nas religiões baseadas no Ioruba, o Ser Supremo possui
três manifestações primárias: como Olodumare, o Criador, como Olorun, o regente
dos céus, e como Olofi, que é o meio ativo entre Orun (céu) e Ayé (terra). É
similar aos níveis de Vāsudeva em Saṅkarṣaṇa, Pradyumna e Aniruddha na filosofia Bhagavata.
Quando o
Sol é visto como o símbolo do Ser Supremo (Brahman) ele se associa com
Olodumare, a fonte de nosso destino. Quando o Sol é chamado de sarvātma (a alma
de todos os seres), e se manifesta como o prāṇa chamado atman em um ser
individual, a energia vital de Olòrún
manifesta-se nos humanos como Ashé (Axé). Olofi é a forma do divino que podemos
interagir e que rege os Òrìṣà (devatās).
Sol
O Sol manifesta-se como Oxalá ou Obatalá (Obàtálá) e é conhecido como a
essência da claridade, ele sempre veste branco e ilumina a verdade e a
correição moral. Ele é o mais velho de todos os Òrìṣà e
criador dos corpos humanos. Ele é chamado de Alabalase – Aquele que possui a
autoridade divina, Baba Arugbo – Antigo Mestre ou Pai, e Orisanla (Oshanla) – a
arque divindade.
Lua
A Lua
manifesta-se como Yamaya, também escrito como Yemoja, Ymoja, Yemowo, Yemalla,
Yemana, Yemoja, Iemanjá, Janaína, Yemaya, Yemayah, Iemanya, Madre Agua, La
Sirène e LaSiren. Ela é o espírito da maternidade, Mãe das águas e do oceano
(Rainha do Oceano). Ela é o líquido amniótico no útero da mulher grávida, bem
como os seios, pois ela é a Nutridora. Ela é a energia protetora da força
feminina e chamada de espírito da Luz da Lua. Ela se associa com uma tigela
(tinaja), similar à Annapūrṇa e geralmente da
cor da água (azul claro).
Ela possui muitas formas
diferentes, como a Lua possui muitas fases diferentes:
·
Ogunte: Nessa qualidade ela
é uma guerreira, com um cinto de armas de ferro como Ogun. Vive
pelas costas rochosas. Suas cores são cristalinas, azul escura e algum
vermelho.
·
Asesu: Nessa qualidade é muito
velha. Diz-se sobre Ela que é surda e responde apenas seus patronos. Ela
associa-se com patos e a imobilidade das águas estagnadas. Suas cores são azul
pálido e coral.
·
Okoto: Nessa qualidade é
conhecida como a assassina sobre as águas. Suas cores são índigo e vermelho
sangue e seu simbolismo inclui àquele dos piratas.
·
Majalewo: Nessa qualidade vive
na floresta com o Òrìṣà curandeiro, Osanyin. Ela associa-se com o mercado e seus
santuários são decorados com 21 pratos. Suas cores são verde escuro azulado e
turquesa.
·
Ibu Aro: Nessa qualidade é
similar ao Majalewo no sentido que ela associa-se com mercados, comércio e seus
santuários são decorados com pratos. Suas cores são mais escuras: índigo,
cristal e coral vermelho. Sua coroa (e marido) é o Òrìṣà Oshumare, o arco-íris.
·
Ashaba:
Dizem que essa qualidade é tão bela que nenhum humano pode olhar para ela
diretamente.
Olokun é outro Òrìṣà
associado com o mar, retratado como um homem em alguns lugares e como uma
mulher em outros. A energia é muito similar à de Varuṇa, uma vez que este Òrìṣà
representa a sabedoria imensurável e a profundidade do oceano. Ele é descrito
como magnífico, muito sério e, ainda sim, profundamente espiritualizado e
meditativo. Seu papel é o de ajudar humanos a passarem para o reino dos
ancestrais (Eggun).
Marte
Marte manifesta-se como Ogum (Ogun), Senhor
dos Metais (especificamente ferro), Minerais, Ferramentas, Guerra, caçada,
feras selvagens, acidentes e guerra. Ele pode ser agressivamente masculino e é
associado com sangue, portanto é comumente chamado para curar doenças do
sangue. Sua arma é um machete e ele também associa-se com outras armas feitas
de ferro.
Oxóssi (Oshosi, Ochosi, Ososi, Oxosi ou
Osawsi) associa-se algumas vezes com Júpiter, mas eu o relaciono mais com um
aspecto de Marte. Ele associa-se com prisões, justiça e aqueles que são
perseguidos. Ele é um mago e seu nome literalmente significa “aquele que
trabalha com magia”. Ele é uma figura solitária na selva, um caçador e um xamã.
Ele carrega um arco e flecha e está conectado com as comunidades caçadoras.
Oxóssi é conhecido como um aliado dos espíritos da natureza (caboclos) da
floresta e, dessa maneira, ele tem um papel similar ao de Shiva (Júpiter) que é
visto como um recluso na floresta.
Ṣàngó (Xango, Xangô,
Chango , Shango, Xango, Sango) é o Òrìṣà do relâmpago. Ele vem sendo
associado com Mercúrio por algumas pessoas, mas no panteão hindu parece mais
com Bhagavan Rāma ou Parasurama. Ele foi um guerreiro rei (quarto rei do Ioruba
imortalizado), cujo símbolo é o machado duplo. Ele associa-se com masculinidade,
virilidade, relâmpago, pedras e é invocado por aqueles buscando justiça.
Mercúrio
Mercúrio manifesta-se através de Èṣù ou Exu, Echu, (Elegua, Eleggua,
Elegbara, Elegba, Legba, Papa Legba e Eleda). Ele é
linguista de Olorun e o mestre das línguas, portanto ele é o mensageiro. Ele
relaciona-se com encruzilhadas, portões, novas atividades e é chamado de
Abridor de Caminhos. Ele é o Òrìṣà da chance e imprevisibilidade, e é conhecido
como um enganador. Dele também se diz que ajuda em aumentar o poder advindo de
ervas medicinais.
Èṣù é da umbanda brasileira, Eshu é de Santería Lucumi e Legba vem
da tradição vudu haitiana. Os nomes se correlacionam aqui, mas as formas
particulares destes Òrìṣà variam em suas respectivas culturas. Cada um também
possui muitas formas (chamadas de caminhos), como o Elegua do rio, o Elegua da
casa, ou o Elegua da estrada. Cada forma tem
variações, diferentes vestimentas e oferendas dentro das tradições. Então não
basta simplesmente dizer “aqui está” para se entender, portanto é importante se
lembrar de que este é um guia superficial, apenas para direcionar os clientes
dessa prática para um sacerdote apropriado que possa assisti-los.
A consorte de Èṣù é conhecida como Pomba Gira pelos praticantes de
umbanda e quimbanda no Brasil. Ela é uma bela mulher que personifica a beleza
feminina, sexualidade e desejo. Ela é conectada com mulheres e adoradores gays
e invocadas em questões de amor.
Existem muitos Orixás
adicionais, como Aja, patrono da floresta, seus animais e curandeiros que
utilizam ervas. Ela é a professora das artes com ervas e pode ser associada
indiretamente com Mercúrio (ou Dhanvantari).
Júpiter
Júpiter manifesta-se através de Orunmila
(Orula, Orunla), que é o Grande Sacerdote Ioruba. Referem-se a ele como
Agbonniregun, a personificação do conhecimento e sabedoria. Ele associa-se com
a divinação, chamado Eleri Ipin (testemunha do destino) e guardião do oráculo
Ifa. Orunmila é estimado como sendo mais efetivo que outros remédios. Ele
associa-se com o ejuele (rosário ou mala) e seu rosário é feito de amarelo e
verde. Ele associa-se com madeira e uma vasilha de cedro é utilizada em sua
adoração.
Vênus
Vênus manifesta-se como Oshun (Ochún ou Ochun)
e é retratada como uma bela mulher em um vestido amarelo. Ela é o Orixá da água
fresca e associa-se com as forças cosmológicas da água, humidade e movimento
fluido. Ela é o Orixá do amor, beleza,
atração e sexualidade. Ela associa-se com dança e é geralmente retratada como
dançando eroticamente. Ela rege o casamento, a fertilidade, o controle da
essência feminina e oram para que ela alivie desordens femininas.
Saturno
Saturno manifesta-se através de Omulu, o
Senhor da Morte e Doença. Ele é invocado quando alguém está doente para se
conseguir uma cura. Ele também é conhecido como Babalu Aye (Babaluaye). Ele
relaciona-se a doenças e especificamente à epidemias. Originalmente ele era relacionado ao sarampo,
mas hoje em dia é invocado para lidar com influenza, hanseníase e HIV/AIDS. Ele
pune com doenças e recompensa com saúde. Ele é chamado de “Ira do deus supremo”
e seu trabalho é punir transgressões. Ele é manco e ele passa por um período de
exílio da sociedade por quebrar contratos sociais. Ele mostra o espaço de se
cair para um ponto baixo e depois se elevar novamente para cima.
Rāhu
Rāhu manifesta-se através de Oduuw,a também
chamado Oduwa, Oodua, Odudua ou Eleduwa), que é a energia rival à energia solar
de Obatala. Ele é o irmão mais novo de Obatala que usurpou sua posição e tomou
a capacidade de criar a Terra no oceano primordial.
A energia feminina de Rāhu (similar à
Chinnamasta ou Vajrayogini) manifesta-se
através da forma chamada de Oya (Oiá, Iansã, Iansan). Ela é o Orixá do vento,
relâmpago, mágica bem como a comoção das feiras. Ela representa o caos da
tempestade e mudanças drásticas e repentinas. Ela conecta-se com o
renascimento, uma facilitadora da transição e protetora dos portões dos
cemitérios. Ela cria furacões e tornados (seu vestido gira enquanto ela dança)
e é geralmente vista com seu marido, Xangô, que o Orixá do relâmpago. Ela é
descrita como tendo olhos grandes e abertos, roupa colorida, um rabo de cavalo
e pode-se transformar em um búfalo aquático.
Ketu
Ketu conecta-se com os espíritos dos mortos,
chamados de Eggun. Acredita-se que os ancestrais tem a responsabilidade de
evocar os padrões éticos das gerações passadas dos clãs.
Ketu é também a serpente arco-íris (chamada
Oxumaré ou Òsùmàrè). A
serpente arco-íris controla as forças que direcionam movimento, indicam
mobilidade e mudança, e é a senhora das coisas alongadas. Òsùmàrè relaciona-se
ao cordão umbilical e nossa conexão vindo a este mundo. Representa uma conexão
entre nosso mundo e o mundo dos ancestrais, e é geralmente envolvida na
facilitação da comunicação entre vários reinos de existência. Òsùmàrè também
rege a mudança de sexos e é macho metado do ano e fêmea durante a outra metade.
Ori
Existe
um conceito metafísico chamado Ori, que significa a “cabeça”. Ele é o aspecto
do indivíduo que indica a própria intuição e destino. Algumas vezes esse
conceito personifica-se como um Orixá. Astrologicamente, será visto como lagna/
lagneśa. Os caminhos espirituais advindos da África
Ocidental trabalham com o Orixá para criar um caráter e vida balanceado
(iwa-pele) para que a pessoa possa se alinhar com seu Ori. O alinhamento com o Ori
permite que você viva alinhado com o que é bom para você e evite aquilo que não
é. Isso trás paz interna e satisfação com a vida.